Fotos: Pedro Pantoja
Moradores do Edifício Solar da Praia, localizado na Rua Francisco Otaviano, em Ipanema, na Zona Sul do Rio, viveram momentos de tensão ao serem mantidos reféns durante um assalto que começou no início da manhã de ontem e durou cerca de duas horas. Os criminosos conseguiram entrar no prédio depois que um deles se identificou como funcionário da Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro (CEG).
“Ele falou para o porteiro que era da companhia de gás e que ia fazer a medição. O porteiro abriu a porta da garagem e ele entrou, acompanhado por outros dois homens”, contou o engenheiro Elias Mansur, 55 anos, que mora há três décadas no local e foi surpreendido pelos assaltantes quando retornava de um passeio com sua cadela.
“Fui rendido quando voltava da praia. O porteiro e outros moradores estavam sendo mantidos reféns. Ainda tentei voltar para a rua, mas não consegui. Fui obrigado a levá-los até o meu apartamento, que fica no primeiro andar, e eles levaram os outros reféns para lá também. Alguns moradores ficaram trancados em um quarto e outros ficaram em um segundo quarto”, revelou Elias, dizendo que um pedreiro que trabalhava em uma obra em seu apartamento chegou a ser agredido com uma coronhada no nariz.
“Eles avisaram que iriam continuar no prédio e mandaram que não saíssemos do apartamento”, ressaltou o engenheiro, acompanhado por uma outra moradora que não quis se identificar e que disse que os bandidos ameaçaram cortar seu dedo, caso ela escondesse alguma coisa.
“Tive medo dele ficar muito revoltado e machucar alguém. Não tinha quase nada em casa e ele me ameaçava, caso achasse alguma coisa que eu dizia que não tinha. Fui levada para o apartamento no primeiro andar, onde fiquei uns 40 minutos, junto com outros moradores. Ninguém queria arriscar ir na janela ou chamar a Polícia, pois ninguém sabia se eles ainda estavam lá”, relembrou.
De acordo com as vítimas, o trio de assaltantes entrou no edifício por volta das 7h45 e a Polícia Militar foi chamada somente duas horas depois. Um morador do prédio ainda jogou um bilhete da janela tentando ajudar na identificação dos criminosos. No papel, o homem avisava que os assaltantes eram três, sendo um negro e dois morenos de aproximadamente 1,70 m.
“Os moradores que desconfiaram da ação e não foram assaltados poderiam ter acionado a PM há mais tempo. Lamentavelmente houve atraso nessa chamada e quando chegamos não foi possível localizar os criminosos”, declarou o comandante do 23º BMP (Leblon), coronel Sérgio Alexandre Rodrigues do Nascimento.
Além de 15 homens do 23º BPM, equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) também foram deslocadas para o local.
“Isolamos as entradas e saídas do prédio, pois a informação inicial era a de que poderia haver um morador sendo feito refém em um dos apartamentos. Acionamos o Bope preventivamente”, explicou o oficial.
O edifício, que fica em frente ao Parque Garota de Ipanema, tem sete andares e possui 14 apartamentos. Destes, oito foram assaltados. Muitos dos imóveis estão passando por obras. Além de 18 moradores, dois funcionários do prédio – o porteiro e um faxineiro – e três funcionários que trabalhavam na reforma de um apartamento no 5º andar foram mantidos reféns.
O delegado Gustavo Valentine, da 14ª DP (Leblon), esteve no local e ouviu informalmente todas as vítimas.
“Agora vamos ouvir todas na delegacia para formalizar os depoimentos e estou solicitando as imagens das câmeras dos prédios próximos, já que este edifício não possui circuito de segurança. Os criminosos levaram jóias e dinheiro e deixaram de roubar várias coisas, como notebooks e outros eletroeletrônicos”, declarou Gustavo, que vai disponibilizar os álbuns do Setor de Investigação Policial (SIP) da 14ª DP para que os moradores vejam as fotos.
“Vamos solicitar a confecção de retratos-falados e também mostrar fotografias cadastradas para verificar se algum é reconhecido”, destacou o delegado, que solicitou que perícias do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) e também do Instituto Félix Pacheco (IFP) fossem realizadas nos apartamentos em que os bandidos estiveram.
O delegado também vai apurar a informação de que os assaltantes entraram no edifício perguntando por um morador, que seria ourives.
“Fomos no apartamento deste morador, mas ele não estava. Estamos investigando todas as hipóteses. O crime pode ter sido praticado por uma quadrilha especializada, pode ter envolvimento de ex-funcionários ou pessoas que já freqüentaram o prédio e sabiam da inexistência de câmeras ou pode ter sido premeditado tendo como alvo alguém específico”, afirmou.
Em nota, a CEG informou que está à disposição da Polícia para colaborar com a investigação e alertou os clientes sobre alguns cuidados para evitar a entrada de falsos funcionários nos prédios. Entre eles, a empresa esclareceu que as visitas são previamente agendadas e que dúvidas podem ser esclarecidas pelo telefone 08000-247766.
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