Pastor "fecha" bocas-de-fumo em São Gonçalo

Publicado: 19 de dezembro de 2010 em Uncategorized

“Vou permitir que aqueles homens te peguem para provar a obra que tenho preparada para ti”.

Passados seis anos após Luiz Cláudio Paes Sodré, 29 anos – na época conhecido como “Dinho Ladrão” – ter ouvido essas palavras de um pastor na comunidade do Salgueiro, em São Gonçalo, ele se vê em meio ao fogo cruzado durante a megaoperação no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. De um lado, as forças de segurança, com todo o seu aparato de guerra, pretendem retomar o território considerado o quartel-general da facção criminosa Comando Vermelho (CV). Do outro, traficantes fortemente armados tentam resisitir à ação do Estado para permanecer atuando no local.

Ele poderia integrar o segundo grupo se no dia 14 de setembro de 2004 não tivesse saído da igreja após ouvir a mensagem do religioso e sido surpreendido pela Polícia. Desarmado e sem qualquer mandado de prisão expedido contra si, “Dinho” foi reconhecido pelos policiais, colocado de joelhos e ameaçado de morte. Um deles, entretanto, disse: “Vou te dar uma oportunidade. Vai e aceita esse Deus”.

E foi em nome desse Deus que o hoje pastor Luiz Cláudio, do Ministério Resgatando Almas, “invadiu” o Complexo do Alemão para evangelizar e mediar a rendição dos traficantes durante o confronto. Ele percorreu algumas das 12 comunidades do conjunto de favelas, onde pregou o evangelho para policiais, moradores e, principalmente, a traficantes. Entretanto, é na sua igreja, localizada na Estrada das Palmeiras, em Itaúna, no Complexo do Salgueiro, que o pastor realiza o resgate de pessoas envolvidas com o crime e com as drogas em São Gonçalo.

Acompanhamos durante três dias o trabalho do religioso que ficou conhecido por “fechar” bocas-de-fumo, converter homicidas, viciados e assaltantes, além de impedir execuções nos tribunais do tráfico do município.

“Vamos embora que já tem uma penca de bandidos me esperando, varão”, disse Luiz Cláudio, ansioso para mais uma “missão” em uma comunidade controlada pelo tráfico de drogas em São Gonçalo.

No caminho, ele contou que ocupava o posto de gerente da venda de entorpecentes no Conjunto da Marinha, uma das favelas que compõem o Complexo do Salgueiro, quando decidiu trocar a arma pela Bíblia. Na época, Luís Carlos da Silva Garuba, o Pixô, que chegou a ser considerado um dos traficantes mais procurados do Estado, era o chefão do pó na região.

“Eu estava junto com o Pixô quando houve a operação no Salgueiro, em 2002, que resultou na morte dele. Eu também poderia estar morto, mas fugi para um lado e ele para o outro. Foi meu primeiro livramento”, comentou.

E é esse testemunho que o religioso leva para jovens como Y e Z, que integram o tráfico de drogas em uma favela do município. Abordados pelo pastor quando faziam a “contenção” (a segurança) da boca-de-fumo, eles ouviram os conselhos do religioso e aceitaram o convite para a oração.

“Muita gente se diz crente, mas não tem a coragem de pregar para quem mais necessita da palavra de Deus, que é nós (sic). O pastor fala nossa língua e me espelho na história de superação dele para tentar largar o crime. Sei que as pessoas pensam que é um caminho sem volta, mas muitos querem e conseguem sair. E eu vou tentar”, comentou Y, chefe do tráfico em uma comunidade de São Gonçalo.

Durante o culto no Ministério Resgatando Almas, testemunhos como o de Y são comuns. Em meio a cânticos e orações entusiasmadas, ex-traficantes, ex-homicidas e ex-viciados se prostram diante do púlpito para dar depoimentos que se confundem com a história do próprio pastor e de um bairro marcado pela violência.

É o caso de Sílvio Pedro Diniz, 32, que já foi conhecido como Sílvio Capeta. Ex-viciado, ele contou que as drogas o fizeram matar o próprio amigo há dois anos. Após cometer o crime, ele procurou abrigo no Salgueiro, onde conheceu o trabalho desenvolvido pelo pastor Luiz Cláudio e foi aconselhado a se apresentar no Fórum. Por contribuir com o trabalho da Justiça, Silvio, que hoje trabalha em uma transportadora, teve a pena reduzida e reponde ao processo em liberdade.

“O Sílvio Capeta não existe mais. Depois que conheci a ‘palavra’ me tornei o Silvio de Jesus”, comentou.

Outro que largou o crime através do Ministério Resgate de Almas foi Almir Soares Carvalho, 22. Conhecido como Xingu, ele entrou para o tráfico para pagar a dívida que havia contraído na boca-de-fumo. Entretanto, o vício o fez vender a arma dos traficantes para adquirir mais entorpecentes. Jurado de morte, Almir foi resgatado no momento em que seria executado.

“Já trafiquei, roubei e troquei tiro com a Polícia em troca desse vício. Cheguei ao fundo do poço ao cometer a loucura de vender a arma da ‘boca’. Através do trabalho do Ministério, fui livrado não só da morte, mas do vício”, comentou o ex-traficante.

O pastor comenta que casos como o de Almir são os mais comuns. Através de telefonemas, o religioso é chamado a interceder pela vida de pessoas condenadas à morte pelo tráfico.

“Valentia para mim não é mais portar uma pistola ou um fuzil. É segurar a Bíblia e cair pra dentro da batalha de resgatar vidas e almas”, finalizou.

Serviço
Ministério Resgatando Almas
Estrada das Palmeiras, nº 96, Itaúna
Disque-Oração: 8445-1744 / 7886-6052
Dias de culto: terça, quinta, sábado e domingo (às 20h)

comentários
  1. Highlander disse:

    parabens, pelo blog, muito interessante as postagens ja add nos favoritos.

  2. MOACIR disse:

    MAIS QUE COISA PATÉTICA!
    MAIS UM PASTOR SAFADO NO MERCADO , JÁ NÃO BASTA O 171 DO MARCUS.

  3. Mister M disse:

    a verdade doi né? apagou até o comentário.

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