Quatro assaltantes protagonizaram cenas dignas de um filme policial no estilo pastelão, em Guaxindiba, no final da manhã de ontem. Sem conhecer a região, eles abordaram as vítimas a 20 metros do Posto de Policiamento Comunitário existente no bairro. Depois, na fuga, pediram informações sobre como chegar ao trecho Niterói-Manilha da BR-101. Testemunhas do assalto indicaram a direção errada e os bandidos foram parar em uma rua sem saída. Tiveram que trocar tiros e correr pelo mangue para escapar dos PMs, que usaram o veículo das vítimas para a perseguição, já que o PPC de Guaxindiba não possui viatura. Mesmo baleados, os criminosos conseguiram fugir. Os PMs salvaram as vítimas da morte e recuperaram seus pertences. “Se os PMs não chegassem, eles iam nos matar. Os policiais foram bem rápidos, mesmo indo a pé até onde estávamos. Tudo não levou mais que uns cinco minutos, mas pareceram horas”, desabafou o supervisor de vendas da Skol, que pediu para não ter a identidade revelada. Aos 45 anos de idade, ele trabalha há sete na empresa e contou que foi a primeira vez em que sofreu um assalto.
A ação foi anunciada na Estrada de Guaxindiba, quando o supervisor e um vendedor, que tem 33 anos e trabalha há três na empresa, seguiam no Gol da mesma. Eles foram abordados por uma dupla que estava no Gol grená placa LCV 4650. “Estávamos no carro, indo nos encontrar com um cliente, quando eles nos abordaram. Um deles colocou a arma na minha cabeça, enquanto o outro foi para o lado do carona e rendeu meu colega. Nos mandaram sair do carro e nos ameaçaram o tempo todo. Chegamos a apanhar. Eles gritavam dizendo que sabiam que tinham R$ 10 mil e mandavam que entregássemos o dinheiro, mas não tínhamos dinheiro algum. Não fazemos cobrança nem andamos com valores. Só vamos até os clientes para vender a cerveja”, contou o supervisor, que ainda foi obrigado a ficar de cueca para provar que não estava escondendo a quantia. “Eles levaram meus documentos, meu celular e o meu dinheiro. Eu só tinha R$ 4 no bolso. Mas o pior de tudo foi a humilhação. Se eles queriam roubar, podiam roubar, mas não precisavam humilhar”, disse. Além de terem recebido ordem para deitar do chão e ficarem sob a mira de revólveres, os dois funcionários apanharam. “Achei uma covardia eles terem batido na gente porque já estávamos rendidos”, destacou o vendedor, que perdeu os R$ 300 que carregava na carteira.
Após constatarem que eles não carregavam grande quantia de dinheiro, os criminosos ordenaram que eles corressem. “Eu corri sem olhar para trás e ainda ouvi quando eles me mandaram parar. Eu não obedeci. Um outro carro apareceu e veio em minha direção e eu me enfiei dentro do mato”, lembrou o supervisor de vendas. “Com certeza eles iam nos matar, mas fomos salvos pela chegada dos PMs”, revelou, aliviado. Avisados sobre o assalto, os policiais militares do 7º BPM (São Gonçalo) lotados no PPC de Guaxindiba correram em direção aos bandidos que estavam no Gol grená e que recebiam cobertura de comparsas no interior do Uno vermelho placa KQA 6659. Assim que notaram a aproximação dos policiais, os bandidos iniciaram fuga. “Ainda ouvimos quando eles perguntaram às pessoas na rua como faziam para chegar na BR. Só que mandaram eles pro lado errado”, relatou a vítima. Sem viatura, os PMs entraram no carro da Skol – que estava com as portas abertas e as chaves na ignição – e iniciaram perseguição, que durou dois quilômetros e terminou na Rua General Salvati – via sem saída.
Encurralados, os criminosos atiraram contra os PMs, que revidaram a agressão. Houve troca de tiros e pelo menos dois dos assaltantes foram atingidos no confronto. Mesmo baleados, eles conseguiram fugir, correndo pelo mangue. Várias buscas foram realizadas em hospitais e postos de saúde da região mas, até o final da tarde de ontem, nenhum dos bandidos havia sido localizado. Os PMs conseguiram recuperar os documentos, telefones e dinheiro dos funcionários da Skol, mas não encontraram as 12 latas de cerveja que os marginais subtraíram do carro da empresa. “Minha vida passou toda na minha mente. Agora eu acho graça. Consigo rir quando lembro que meu colega foi obrigado a ficar de cueca e puxava a calça pra cima para não tropeçar quando mandaram ele correr. Mas na hora foi muito difícil. Foram momentos de tensão que nunca imaginei passar”, ressaltou o vendedor. Já o supervisor de vendas comemorou o fato de entrar de férias amanhã. “Ainda bem. Vou poder descansar e esquecer tudo isso. Trabalho nesta área de Jardim Catarina, Jardim Bom Retiro, Marambaia e Guaxindiba e nunca tinha passado por algo assim, mesmo muitas vezes saindo tarde desses locais”, falou.
Quem tiver qualquer informação que auxilie a Polícia a identificar, localizar e prender os criminosos, pode ligar para 2253-1177, 2701-4323 ou 3399-5301. Não é preciso se identificar.
Pauta do Dia 