Arquivo de 28 de janeiro de 2009

Fotos: Vitor Silva

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O assassinato de uma prostituta, ocorrido em um dos quartos de um hotel no Centro de Niterói, no início da manhã de terça-feira, dia 27, acabou com quatro presos: além do cliente, autuado por homicídio, três funcionários do estabelecimento foram autuados por tentativa de ocultação de cadáver pelo delegado Mário de Freitas Azevedo, titular da 76ª DP (Centro de Niterói). Enquanto a pena para o primeiro crime varia de 12 a 30 anos de prisão, a punição para o segundo é de 1 a 3 anos de reclusão.

A garota de programa, identificada como Rozani Silva Cruzeiro, 34 anos, chegou ao Hotel Trianon, na Rua Visconde do Uruguai, acompanhada pelo presidiário Márcio Alexandre Araújo Maia, 36, por volta das 4h30. Hóspedes contaram que os dois começaram a discutir cerca de três horas depois. Em meio a muitos gritos, eles ouviram a vítima pedindo socorro. Funcionários do estabelecimento pegaram a chave reserva e se dirigiram até o quarto de número 107, por volta das 7h.

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Quando abriram a porta, se depararam com a cena da mulher ensangüentada e já sem vida. O criminoso correu, jogou a faca – com lâmina para cortar carne e cabo branco – no quarto 105 e tentou fugir. No entanto, antes de chegar à porta da calçada, os clientes precisam passar por um portão de ferro eletrônico, que estava trancado.

“Ele gritava que queria sair e tentava fugir de qualquer jeito, mas nós não deixamos”, contou o recepcionista Severino Manoel de Lima, 58.

Com um corte em um dos dedos da mão direita, Márcio Alexandre foi preso por policiais militares do 12º BPM (Niterói) que foram chamados ao local para atender a uma ocorrência de “vias de fato”.

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“Chegamos aqui preparados para encontrar uma briga e nos deparamos com uma mulher morta e o assassino que estava sangrando e tinha sido impedido de fugir pelos funcionários do hotel”, revelou um dos PMs que participou da ocorrência.

O preso foi levado para o Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap), também no Centro de Niterói, onde recebeu atendimento médico e foi liberado logo em seguida, sendo encaminhado para a 76ª DP, no mesmo bairro. Na unidade, descobriu-se que ele estava em liberdade condicional desde setembro do ano passado, após ter sido condenado por assalto a mão armada.

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Morador de São Gonçalo, o assassino já tinha outras sete passagens pela Polícia. A maioria de suas anotações criminais era no artigo 157 do Código Penal (assalto a mão armada), mas ele também já havia sido preso por tráfico de drogas, furto, corrupção ativa e tentativa de roubo.

“Em seu depoimento ele contou que mantiveram relações durante a madrugada e que no início da manhã ele queria ir embora e a prostituta não queria deixar. Ela queria ficar para dormir um pouco e se ele saísse, ela teria que ir junto. Segundo ele, foi ela quem puxou a faca e ele conseguiu desarmá-la e a esfaqueou. Ele está sendo autuado pelo homicídio e cabe ao Poder Judiciário decidir se foi legítima defesa ou não. A crença na impunidade gera esse tipo de problema, pois os criminosos acham que podem fazer tudo”, declarou o delegado Mário Azevedo.

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Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) que estiveram no local do crime afirmaram que a vítima apresentava duas facadas nas costas e diversas facadas nos braços.

“Os golpes nos braços configuram ferimentos de defesa. Ela tentou se proteger das facadas e foi atingida nesses membros. A grande quantidade de sangue no quarto demonstra que houve luta corporal”, atestou um dos peritos, destacando que após o crime o corpo foi arrastado por cerca de dez metros e deixado no corredor.

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No quarto, os policiais encontraram três embalagens fechadas de preservativos e uma aberta de lubrificante íntimo, além de três latas de cerveja, um par de tênis e um short azul.

Ao ouvir o depoimento do gerente do hotel, o espanhol Manoel Pazos Corzon, 71, e descobrir que ele havia ordenado que os dois funcionários – o recepcionista Severino Manoel de Lima, 58, e o auxiliar de serviços gerais Pedro Passos de Moura, 44 – retirassem o corpo da prostituta do quarto e o jogasse na calçada, o delegado Mário Azevedo resolveu também autuar os três.

“Eles desfizeram o local do crime e tentaram ocultar o cadáver. O gerente queria que o corpo ficasse fora do hotel achando que isso minimizaria os problemas do estabelecimento”, ressaltou Mário Azevedo.

Todos os presos foram ouvidos na 76ª DP e encaminhados, posteriormente, para a carceragem da Polinter de Neves, localizada em São Gonçalo.