Arquivo de 4 de março de 2009

PM faz operação no Caju e mata dois

Publicado: 4 de março de 2009 em Uncategorized

Fotos: Bruno Gonzalez

Policia

Dois acusados de pertencerem à facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA) e de terem envolvimento com o tráfico de drogas no Complexo do Caju, no bairro de mesmo nome, na Zona Portuária do Rio, morreram após trocar tiros com policiais militares do 4º BPM (São Cristóvão), na manhã desta quarta-feira, dia 4.

Composto pelas localidades Parque Alegria, Parque Boa Esperança, Parque da Conquista, Parque São Sebastião, Parque Vitória e Parque Nossa Senhora da Penha, o Complexo do Caju foi ocupado por dois blindados do Comando Tático Regional (Cotar) e por equipes do Serviço de Inteligência (P-2) e do Grupamento de Ações Táticas (GAT), que tinham como objetivo realizar o cumprimento de 20 mandados de prisão.

Dos procurados, apenas um foi localizado: um menor de 17 anos de idade que teve mandado de prisão expedido pela Justiça por assalto a mão armada. Os policiais encontraram dificuldades para efetuar outras prisões, pois ou os endereços que constavam nos documentos eram inexistentes ou não havia ninguém nos imóveis. Assim que os PMs chegaram na Rua do Amanhecer, a poucos metros do principal acesso ao Parque São Sebastião, foram recebidos a tiros.

No confronto, dois homens foram baleados. Um deles era conhecido como Mascherano e o outro pelo vulgo de Fluminense. Eles ainda foram socorridos pelos próprios PMs e levados para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, mas não resistiram aos ferimentos. Os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) do Centro e a Polícia aguarda que familiares compareçam com documentos de identificação para realizar o reconhecimento. Com a dupla, os PMs apreenderam uma pistola calibre 380, além de quantidade de crack e cocaína. O registro foi feito na 17ª DP (São Cristóvão).

Para a mesma delegacia foram levados os equipamentos apreendidos em um sobrado na Rua da Felicidade, no Parque Boa Esperança, onde funcionava uma rádio pirata. De acordo com a Polícia, as transmissões provocavam interferência na rota de aviões. No final da tarde, peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) estiveram no local acompanhados pelo veículo blindado da PM para realizar uma perícia que será anexada ao inquérito policial.

A crueldade dos criminosos que controlam a venda de drogas no Complexo do Caju revoltou moradores da Favela Parque São Sebastião, no último dia 17 de fevereiro. Na ocasião, após correr por cerca de dez minutos e pular diversas lajes de imóveis localizados em becos e travessas da região, o pedreiro Paulo Marques, 58 anos, teve a vida salva por uma equipe do GAT do 4º BPM. O pedreiro fugia de traficantes da ADA que controlam a venda de drogas na região e o ameaçaram de morte após sua recusa em permitir que eles montassem um ponto de endolação em sua residência.

Fotos: Vitor Silva

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Duas semanas após invadirem a Favela do Coqueiro, em Santíssimo, na Zona Oeste do Rio, traficantes ligados à facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP) preparam-se para assumir o controle de outra área da região: a Favela da Carobinha, em Campo Grande, também na Zona Oeste. Cerca de oito criminosos chegaram de van ao local, no final da noite de segunda-feira, dia 2, e trocaram tiros com milicianos integrantes do grupo paramilitar conhecido como Liga da Justiça. Após o confronto, eles teriam se escondido em um matagal, onde permaneceriam à espera de reforço.

Por determinação do coronel Paulo César Ferreira Lopes, que está à frente do 2º Comando de Policiamento de Área (2º CPA), a região foi ocupada por três viaturas do Regimento de Cavalaria Coronel Enyr Cony dos Santos (RCECS), antigo Regimento de Polícia Montada (RPMont). Uma dupla de policiais militares fica na quadra 100, em uma esquina a poucos metros de onde o tiroteio de segunda-feira aconteceu. Outros dois PMs ficam a pouco mais de um quilômetro de distância e a terceira viatura está baseada no acesso à favela, próximo à Avenida Brasil.

Desde que a milícia assumiu o controle da Favela da Carobinha, em dezembro de 2006, traficantes do Complexo da Coréia – composto pelas favelas Coréia, Vila Aliança, Rebu, Taquaral e Jabour, que cortam os bairros Senador Camará, Realengo e Bangu, também na Zona Oeste – já tentaram por várias vezes retomar local. A última tentativa foi em julho do ano passado.

Após o anúncio de recomeço da guerra, os moradores da Carobinha se disseram assustados. Nascida e criada na comunidade, uma aposentada que pediu para não ter a identidade divulgada revelou que foi obrigada a alterar sua rotina, assim como seus vizinhos.

“A única diferença de quando os traficantes estavam aqui para quando os milicianos assumiram é que antes havia venda de drogas. A insegurança, a tensão e o medo continuaram os mesmos. Não sabemos em quem podemos confiar. Desde o tiroteio de domingo, estamos todos apreensivos. Já ouvimos falar que a guerra está apenas no começo. Ninguém mais está querendo sair de casa depois das 19 horas. Às 23 horas as ruas estão desertas. Ninguém tem coragem de colocar a cara na janela”, desabafou a aposentada, de 63 anos.

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Policiais e militares são expulsos de suas casas
No dia seguinte à invasão de traficantes do TCP à Favela do Coqueiro, ocorrida na noite do último dia 13 de fevereiro, um sargento da Polícia Militar lotado no RCECS e parentes dele foram expulsos de suas residências e tiveram que procurar abrigo no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cfap), em Sulacap. Além do PM, um bombeiro, um policial rodoviário federal e um militar do Exército também tiveram que sair de suas casas.

Assim que ocuparam a comunidade, os bandidos foram de casa em casa procurando por policiais e dizendo que iam matar e fazer churrasco com os corpos. Alertado por amigos, o PM deixou às pressas sua casa de dois andares, ainda em obras, na Rua Arthur Toni, levando a mulher e os quatro filhos. Ele morava no imóvel há 15 anos.

Os responsáveis pelas expulsões foram os traficantes Márcio da Silva Lima, o Tola, 28, Leonardo Fragoso da Silva, o Léo Vascão, 26, e Juarez Ribeiro da Silva, o Aranha. Os três controlam a venda de drogas no Complexo da Coréia. Cinco dias depois, Léo Vascão morreu ao trocar tiros com policiais militares lotados no Serviço de Inteligência (P-2) e no Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 14º BPM (Bangu), na Favela Vila Aliança.

PMs servem de alvo na Carobinha
Ao tomar conhecimento da crueldade com que os traficantes do Complexo da Coréia tratam as pessoas que moram naquela localidade e também os da Favela do Coqueiro, moradores e comerciantes da Favela da Carobinha demonstraram preocupação.

“Os PMs ficam sozinhos e não vão ser capazes de defender as próprias vidas, quanto mais de nos salvarem. O comandante do batalhão deveria pelo menos juntar as viaturas. Já não é fácil seis policiais impedirem uma invasão desses traficantes, imagine então dois PMs. Chega a ser covardia. Com eles e conosco também”, desabafou um padeiro de 35 anos que pediu para não ter a identidade revelada.

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O comerciante também denunciou que o terreno onde está sendo construído um Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO) foi doado por um miliciano ligado ao ex-PM Ricardo Teixeira Cruz, o Batman.

“Todo mundo aqui sabe que o Batman acompanha tudo que acontece na comunidade. Ontem foi realizada uma operação para apreender motos irregulares e ele ligou para os moto-taxistas avisando. O terreno onde o DPO da PM está sendo construído foi doado por eles. É no mínimo estranho que um homem procurado tenha tantos contatos e influência”, ressaltou.

A equipe do jornal POVO do Rio tentou entrar em contato com o comandante do RCCES, tenente-coronel Weber Collyer, mas não obteve sucesso.

Fotos: Vitor Silva

cv

Apontado como homem de confiança de um dos líderes da facção criminosa Comando Vermelho (CV), o traficante Alexander de Oliveira, o Nego Formigão, 34 anos, foi preso por agentes da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), na Favela Vila Norma, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, na manhã desta terça-feira, dia 3.

Contra ele, havia três mandados de prisão preventiva expedidos pela Justiça por tráfico de drogas, associação para fins de tráfico, homicídio e formação de quadrilha. Ele é considerado braço direito do traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, 32, fora da cadeia.

“Eles são amigos de infância. Nasceram e foram criados juntos na Vila Norma”, revelou o delegado Marcus Vinícius de Almeida Braga, titular da DCOD.

Polícia

Um dos mandados foi expedido em dezembro de 2008 pela 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu e se refere ao processo de número 2008.038.051808-3, no qual o acusado responde pelo homicídio de Rozaura Duarte de Sena. O crime também foi atribuído a Marcinho VP, que encontra-se preso no Presídio de Segurança Máxima de Catanduvas, no Paraná, e é citado no mesmo mandado de prisão.

Também em dezembro do ano passado, a 1ª Vara Criminal de Nova Iguaçu expediu mandado de prisão preventiva por associação para a produção e tráfico e condutas afins. Cinco anos antes, foi expedido o primeiro mandado de prisão contra Nego Formigão. Ele havia sido preso por homicídio, em outubro de 2003, e no ano seguinte passou a ser considerado foragido.

Com passagens pela 53ª DP (Mesquita) e pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DH-BF), Neto Formigão foi surpreendido pelas equipes da DCOD em um imóvel na Vila Norma, e não reagiu à prisão. Em junho do ano passado, policiais da 57ª DP (Nilópolis) estouraram um arsenal que seria de responsabilidade dele no Morro Chapéu Mangueira, no Leme, na Zona Sul do Rio. Na ocasião, foram apreendidas 21 granadas, quatro pistolas, uma metralhadora e uma escopeta calibre 12, além de munições para fuzis calibres 762 e 556 e carregadores.

Alexander de Oliveira, o Nego Formigão, 34 anos

Alexander de Oliveira, o Nego Formigão, 34 anos

De acordo com a Polícia, Neto Formigão é o líder do tráfico de drogas na favela de Vila Norma, que faz divisa com os municípios de Mesquita e Nilópolis, e apóia os traficantes que controlam as bocas-de-fumo do Chapéu Mangueira, fornecendo armas e munições.