Arquivo de 23 de setembro de 2009

Fotos: Bruno Gonzalez

A paraguaia Marcia Patricia Aranguren Benegas, que é química farmacêutica, denunciou policiais da DRAE por seqüestro e extorsão

A paraguaia Marcia Patricia Aranguren Benegas, que é química farmacêutica, denunciou policiais da DRAE por seqüestro e extorsão

Um cubano amigo da paraguaia que denunciou policiais civis por seqüestro e extorsão está sendo procurado pela Polícia. Naturalizado brasileiro, ele morava em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, e é suspeito de envolvimento no crime. Em seu depoimento na Delegacia Especial de Atendimento ao Turismo (Deat), a química farmacêutica Marcia Patricia Aranguren Benegas, 35 anos, disse que saiu de seu hotel, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, por volta das 23 horas do dia 22 de julho, após receber uma ligação do cubano a convidando para jantar na praça de alimentação do Rio Sul, em Botafogo, também na Zona Sul. Ela contou que não sabia que o horário de fechamento do shopping era às 22 horas e disse que foi abordada por homens que saíram de uma viatura caracterizada da Delegacia de Repressão às Armas e Explosivos (DRAE) pouco após sair do hotel.

Delegado Fernando Vila Pouca, titular da DEAT

Delegado Fernando Vila Pouca, titular da DEAT

“Eles já tinham a informação de que ela estaria de posse de uma alta quantia em dinheiro. Essa informação pode ter sido passada por uma pessoa no Brasil. Logo no primeiro momento, ela os identificou como policiais por causa do carro”, ressaltou o delegado Fernando Vila Pouca, titular da Deat, que remeteu o caso à Divisão de Assuntos Internos (Divai), da Corregedoria Geral da Polícia Civil, este mês.

O corregedor da Polícia Civil, informou que dois dos quatro policiais que teriam participado da ação já estão identificados. No entanto, dois meses após o registro da denúncia, eles ainda não prestaram depoimento.

“Através das investigações à extorsão praticada, em tese, por policiais civis, chegamos a esses dois policiais, que serão ouvidos na Corregedoria. O amigo dela, que é cubano, está sendo procurado para também ser ouvido. Ele morava em Niterói, mas se mudou e ainda não temos o novo endereço. Ele teria sido a isca que atraiu a paraguaia para o suposto crime”, afirmou José Augusto, dizendo que ele costumava acompanhar a química em suas vindas ao Brasil.

Delegado José Augusto Pereira de Souza, Corregedor da Polícia Civil

Delegado José Augusto Pereira de Souza, Corregedor da Polícia Civil

“Ele fazia o acompanhamento da vítima sempre que ela vinha ao Rio para comprar produtos químicos para a atividade que mantinha no Paraguai. Ela teria ligado para ele falando sobre a quantia e pedindo um guarda-costas, anteriormente ao fato. No dia do incidente, ela recebeu uma ligação dele e aceitou um convite para fazer uma refeição. Ela saiu do hotel para se encontrar com ele no Rio Sul, sem saber que o shopping já estava fechado naquele horário”, destacou o corregedor.

Acompanhada por uma empregada, a paraguaia – mãe de duas crianças – foi seqüestrada quando deixava o Copacabana Mar Hotel, na Rua Ministro Viveiros de Castro, em um Toyota, e a ação foi gravada por câmeras do sistema de segurança de prédios vizinhos ao hotel. Segundo a vítima em seu depoimento, dois dos policiais teriam entrado no veículo, que foi escoltado por uma Blazer com os adesivos da Drae até um ponto embaixo à Ponte Rio-Niterói. A especializada fica localizada na Zona Portuária, próximo a um dos acessos à Ponte.

Corregedor geral da Polícia Civil concedeu entrevista coletiva para falar sobre o caso

Corregedor geral da Polícia Civil concedeu entrevista coletiva para falar sobre o caso

Ainda de acordo com o relato da vítima à Polícia, ela teria sido mantida sob a mira de fuzis e agredida várias vezes com tapas no rosto, além de ter sido ameaçada por um dos supostos policiais de ser acusada de tráfico de drogas. A química teria permanecido embaixo da Ponte Rio-Niterói, escoltada por alguns policiais, enquanto outros retornaram ao hotel junto com a empregada.

Um deles teria se identificado ao recepcionista como namorado da paraguaia. Após recolherem as malas dela, eles voltaram para o local onde a haviam deixado e mandaram que ela fosse embora do Rio e não retornasse. Escoltada pela Blazer até a Rodovia Presidente Dutra, a paraguaia resolveu retornar e pedir ajuda na Deat, relatando que haviam levado os R$ 90 mil que ela possuía para comprar insumos químicos.

“O delegado entrou em contato comigo, revelando que duas paraguaias haviam seqüestradas e assaltadas e queriam voltar para o Paraguai. Ele me disse que não ficaria tranqüilo delas dirigirem sozinhas naquela noite. Eu mesma as peguei e trouxe para o prédio do consulado, onde ficaram hospedadas até a manhã seguinte. Depois do café, elas foram embora”, contou o cônsul do Paraguai, Ricardo Caballero Aquino, dizendo que a química havia dirigido aproximadamente dois mil quilômetros, chegando no Brasil após dois dias de viagem.

Cônsul do Paraguai no Rio, Ricardo Caballero Aquino

Cônsul do Paraguai no Rio, Ricardo Caballero Aquino

“É um assunto de extrema gravidade. Ela foi sequestrada e roubada, ao que tudo indica por policiais civis do Rio. Pessoalmente, comuniquei o caso ao meu governo e espero uma solução das autoridades brasileiras, em especial, das autoridades do Estado do Rio”, afirmou o cônsul.

A delegada Márcia Becker, titular da Drae, revelou que os agentes saíram da especializada para verificar uma denúncia de que haveria uma traficante paraguaia com drogas em um hotel de Copacabana. Ela não negou a ida dos policiais até o local, nem a abordagem à química, e confirmou que eles entraram no hotel e subiram até o apartamento da vítima – fatos constatados através das imagens gravadas por câmeras de segurança.

Delegada Márcia Becker Simões, titular da DRAE

Delegada Márcia Becker Simões, titular da DRAE

A delegada também revelou que os policiais apreenderam cerca de 70 quilos de produtos que seriam anfetaminas – parte estaria com a denunciante e outra parte no quarto do hotel. No entanto, não soube explicar o porquê da paraguaia não ter sido presa em flagrante, além de ter alegado que ainda não havia recebido o resultado do laudo do exame solicitado, no final do mês de julho, ao Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE).

Em janeiro deste ano, ela já havia denunciado outros policiais por extorsão. O caso, que teria ocorrido em Assunção – cidade onde ela mora – foi divulgado pelo jornal paraguaio Diário Popular, dois meses depois. Em seu perfil no Orkut, a paraguaia diz que pratica tiro e tem paixão por armas de fogo, viagens e experiências novas. Em sua frase de apresentação, a mensagem: “que pena lo siento mucho pero esas eran las reglas……y el que no cumple esta fuera de todo”. A tradução seria: “É uma pena, sinto muito, mas essas eram as regras e aquele não as cumpre está fora de tudo”.

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