Fotos: Felippo Brando
“O papai foi matar a mamãe e se deu muito mal”. Estas, segundo o advogado da dona-de-casa que confessou ter matado o marido a facadas, horas após o Dia dos Namorados, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, foram as palavras ditas pelo filho do casal. O menino, de 5 anos, será testemunha da mãe.
“Infelizmente, sou obrigado a arrolar a criança como testemunha de defesa. Existe um método específico para isso, chamado audiência sem dano, onde há duas salas separadas por um vidro. O menino fica com uma psicóloga em uma delas, e tudo é acompanhado pelo juiz e os outros envolvidos no processo, que ficam em outra. As perguntas são feitas e repassadas através de um ponto para a psicóloga, que é quem conduz o interrogatório de maneira que a criança não fique traumatizada e nem perceba o que está havendo. As respostas são dadas através de desenhos”, explicou Mário de Oliveira Filho, que conseguiu, em Brasília, uma liminar suspendendo o pedido de prisão preventiva contra sua cliente, a dona-de-casa Alessandra Ramalho D’Ávila Nunes, 35 anos.
O habeas corpus foi concedido, na noite desta terça-feira, dia 30, pelo ministro Jorge Mussi, da 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em sua decisão, ele destacou que o juiz do 3º Tribunal do Júri decretou a prisão apenas tendo como base uma presunção de suposta tentativa de fuga da dona-de-casa para os Estados Unidos.
“A prisão foi decretada baseada apenas na dupla cidadania da minha cliente. Eu fui entregar os passaportes dela ao juiz, mas ele não aceitou”, contou o advogado.
Ainda no relato do ministro, ele enfatiza que a defesa apresentou uma cópia de um documento em que Alessandra oferece os passaportes e uma carta na qual ela se compromete a comparecer em juízo para apresentar a sua versão dos fatos, o que fez Jorge Mussi conceder a liminar, cujo mérito ainda será julgado.
“Alegaram que o fato dela estar foragida agridia a credibilidade da Justiça. O que agride a credibilidade da Justiça são processos mal feitos e casos em que não há a imparcialidade de quem investiga. Causa perplexidade que o inquérito de um caso desses tenha sido concluído em cinco dias”, ressaltou o advogado Mário Filho, contando que teve o cuidado de fotografar as lesões em sua cliente.
“As fotos e o laudo do exame de corpo delito feito pela minha cliente serão anexados aos autos. O marido dela estava totalmente dominado por um ciúme patológico e ela apenas defendeu à própria vida e a de seu filho. O primeiro corte, no rosto, foi superficial e dado quando a Alessandra estava de costas e ele tentou agarrá-la. Com o filho grudado em sua perna, ela tentava fazer o marido se afastar, quando ele foi para cima deles e acabou atingido na barriga”, enfatizou, dizendo que sua cliente vai se apresentar à Justiça para contar a sua versão na próxima sexta ou segunda-feira.
O crime ocorreu no interior do apartamento onde Alessandra e o empresário Renato Biasotto Mano Júnior, 52, moravam há seis anos, no condomínio Ocean Star, localizado na Avenida Sernambetiba, na madrugada do dia 13 de junho. Os dois haviam passado a noite de sexta-feira com um casal de amigos, em um jantar comemorativo ao Dia dos Namorados. O delegado Carlos Augusto Nogueira, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), contou que uma briga teria ocorrido um pouco antes da dona-de-casa entrar no site de relacionamentos Orkut.
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