Fotos: Pedro Pantoja e Pedro Teixeira
Um policial militar morreu e outros dois ficaram feridos após um ataque criminoso que começou no Posto de Policiamento Móvel (PPM) de Mariópolis, em Anchieta, na Zona Oeste do Rio, e terminou na Avenida Brasil, na altura da Favela de Parada de Lucas, na Zona Norte. Uma criança de 6 anos, moradora da Favela Vigário Geral, acabou atingida no braço por uma bala perdida, enquanto brincava em casa.
O incidente teve início às 11h15 desta quarta-feira, dia 26 de maio, quando três homens se aproximaram do PPM – também conhecido como Trailer da PM – localizado na Rua Sebastião Santana e chegaram perto dos policiais simulando querer fazer uma pergunta, quando efetuaram diversos disparos.
Lotados no 14º BPM (Bangu), o sargento Ulisses Alves Correia Filho, 50 anos, e o soldado Alberto José dos Santos, 30, que estavam de serviço no posto, sequer tiveram tempo de reagir. O sargento – que estava na corporação há 26 anos, era casado e deixou três filhos – foi atingido na cabeça. Ele tinha planos para se aposentar ainda esse ano e chegou a ser levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ricardo de Albuquerque, mas não resistiu.
O soldado – que está na PMERJ desde 2006 e tem um filho – foi baleado no pescoço. Ele foi socorrido e levado para o Hospital Estadual Albert Schweitzer, em Realengo, sendo posteriormente transferido para o Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), no Estácio, na região central do Rio.
Os bandidos fugiram no Astra dourado placa KVR 2376, de Miguel Pereira, que havia sido roubado de um tenente reformado da Marinha, horas antes, na área da 9ª DP (Catete). O assalto ocorreu na esquina das ruas do Russel com Augusto Severo, na Glória, na Zona Sul do Rio.
“Estava parado no sinal, quando um deles veio pela frente apontando uma arma e outros dois vieram pelos lados. Ainda tentei pegar minha carteira com documentos e meu celular, mas já era tarde”, disse o militar.
A Sala de Operações do 14º BPM, com o apoio do monitoramento por câmeras, fez alerta via rádio informando a localização exata do veículo dos assassinos, que fugiram pela Avenida Marechal Alencastro, sentido Avenida Brasil. Um cerco com todas as viaturas do batalhão se estendeu à via, no sentido Centro do Rio. Como a avenida é área de responsabilidade do Batalhão de Polícia Rodoviária Estadual (BPRV), esta unidade apoiou a ação.
Na altura do nº 15.001 da Avenida Brasil, em Parada de Lucas, o veículo foi interceptado e os três ocupantes atiraram contra os PMs, reagindo à voz de prisão. Os policiais reagiram e no confronto o capitão Alan de Luna Freire foi atingido de raspão no pé esquerdo. A menina Ana Paula Lopes Gomes, 6, que brincava com uma prima no terraço de casa, em Vigário Geral, foi atingida no braço por uma bala perdida.
Ela passou foi submetida à cirurgia que durou seis horas, no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, e não tem previsão de alta, apesar de estar lúcida e fora de perigo. Os três criminosos foram levados para o Hospital Estadual Albert Schweitzer. O trio não resistiu aos ferimentos, mas apenas um deles foi identificado: Bruno Andrade Almeida, 32, que possuía oito anotações criminais por roubo, formação de quadrilha, receptação e extorsão, possuindo uma condenação de 5 anos e 9 meses por roubo.
Os PMs recuperaram o armamento do Trailer Mariópolis e apreenderam ainda uma pistola HK nove milímetros, uma pistola Taurus calibre 40 com a numeração raspada e uma espingarda calibre Super 12.
O corpo do sargento Ulisses foi enterrado no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio, no início da tarde desta quinta-feira, dia 27 de maio. Cerca de 200 pessoas, entre familiares, amigos e colegas de farda, acompanharam o cortejo, que não contou com a presença do governador Sérgio Cabral Filho, do secretário de Estado de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, nem do comandante geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio de Brito Duarte.
Acompanhe aqui a Estatística de Policiais Mortos e Baleados no Estado do Rio em 2010