Um dos responsáveis pelas investigações que levaram pra cadeia o ex-soldado do 6º BPM (Tijuca), Carlos Ari Ribeiro, o Carlão, 34 anos, o delegado Fábio Oliveira Barucke afirmou que havia recebido a informação do Ministério Público de que milicianos estariam planejando criar um grupo para assassinar autoridades e que o ex-PM seria o cabeça do bando.
Atualmente à frente da 31ª DP (Ricardo de Albuquerque), Barucke era titular da 35ª DP (Campo Grande) e passou a integrar a Missão Suporte, implantada em janeiro de 2009, com a prisão do ex-soldado do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) Ricardo da Cruz Teixeira, o Batman, 42 anos. O grupo reunia delegados que tinham a atribuição de investigar a milícia que atuava na Zona Oeste do Rio.
“Esse ex-PM possui 18 mandados de prisão preventiva por homicídio, fora outros crimes. É um absurdo que agora esteja solto”, declarou Barucke, que foi informado por telefone da fuga de Carlão – apontado como braço armado de Batman e já denunciado pelo MP por seis assassinatos.
O ex-PM fugiu da Unidade Prisional (UP) – antigo Batalhão Especial Prisional (Bep) -, em Benfica, na Zona Norte do Rio, no dia seguinte à megaoperação para prender integrantes da milícia Liga da Justiça. O Disque-Denúncia está oferecendo recompensa de R$ 5 mil por quem der informações que auxiliem a Polícia a localizar e recapturar o criminoso.
A escolta de alguns dos ameaçados pelo foragido já foi providenciada e começou a ser feita por agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil ainda na manhã desta quinta-feira, dia 1º de setembro. A lista possui nomes de delegados, juízes e promotores.
Durante as investigações, foi atribuída a Carlão a voz que aparece em uma conversa com Batman, durante interceptação telefônica autorizada pela Justiça. Na gravação, os criminosos falam sobre a execução do segurança de um supermercado.
A fuga de Carlão pegou de surpresa agentes da Delegacia de Repressão às Ações do Crime Organizado e Inquéritos Especiais (Draco-IE). Eles pretendiam cumprir o mandado de prisão por formação de quadrilha para a prática de crimes hediondos contra ele ainda ontem.
“Não nos preocupamos porque soubemos que ele já estava preso e íamos apenas passar no presídio para dar ciência deste novo mandado”, revelou um dos policiais que participou da Operação Pandora, deflagrada na manhã de quinta-feira que cumpriu oito de 18 mandados de prisão preventiva.
O agora foragido era um dos ex-PMs que usavam celulares para continuar controlando os negócios ilegais de dentro da Unidade Prisional (UP), antigo Batalhão Especial Prisional (Bep), em Benfica, na Zona Norte do Rio.
“Os presos estavam acautelados, mas a atividade criminosa não foi interrompida”, ressaltou o promotor Marcus Vinícius Moraes Leite, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP.
O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), afirmou que ao longo do tempo em que acompanhou as investigações recebeu diversas ameaças de integrantes da Liga da Justiça. Mas, até a noite desta quinta-feira, não havia recebido qualquer comunicado oficial sobre possíveis atentados.