Em inspeção ocorrida nesta quarta-feira, dia 30 de março, na carceragem da Divisão de Capturas e Polícia Interestadual (DC-Polinter) em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, a 1ª Promotoria de Investigação Penal e demais promotores da 3ª Central de Inquéritos (Núcleo Nova Iguaçu) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) constataram que havia, no local, presos que gozavam de mordomias. De acordo com a fiscalização feita pelos promotores, 37 criminosos ocupavam celas diferentes dos demais, em espaços que contavam com aparelhos de ar-condicionado, frigobar, televisão, microondas, fogão e vídeo-game.
Os peritos convocados pelo Ministério Público que estiveram na carceragem notaram também que, para manter esses aparelhos funcionando, foram realizadas ligações da parte elétrica interna com fios dos postes da rua, o que, para os promotores de Justiça presentes, caracterizou furto de energia. Nas celas especiais, também foram encontrados facas, garfos e outros equipamentos cortantes.
Após a constatação das irregularidades, o carcereiro que ali trabalhava no momento da inspeção foi encaminhado para a 56ª DP (Comendador Soares). Além disso, a Corregedoria-Geral de Polícia Civil resolveu interditar as celas e providenciar a retirada dos 37 presos, pois a perícia constatou que havia risco de incêndio no local. No total, cerca de 500 presos estão custodiados na carceragem da Polinter de Nova Iguaçu.
A inspeção, agora, irá constar do procedimento investigatório já aberto na 3ª Central de Inquéritos, que visa a apurar, com a ajuda da Polícia Civil, as denúncias de diversas irregularidades na carceragem.
Mordomias e privilégios em carceragens não são novidade
Em abril de 2007, a Corregedoria da Polícia Civil instaurou inquérito para investigar uma página no site de relacionamentos Orkut, que teria sido criada no ano anterior por internos da Polinter de Neves, em São Gonçalo, que a usariam para se comunicar com parentes, amigos e até policiais.
Preso desde outubro de 2004, acusado de participação em um assalto, o jovem de classe média Rodrigo Neves Torres seria um dos usuários. O outro preso que estaria utilizando o Orkut seria Bruno Bottini, detido desde 2 de julho de 2005 sob acusação de um roubo na área da 30ª DP (Marechal Hermes).
Dois policiais estariam entre aqueles que se comunicam com os detentos. Um deles, que traz o nome completo e fotos em seu perfil no Orkut, foi identificado. De junho de 2006 a fevereiro de 2007, ele esteve lotado na Polinter, mas foi transferido para a 126ª DP (Cabo Frio). Há vários recados do policial na página do grupo:
“E aí, amigos? Como vocês estão se virando sem o amigo aqui por aí? Desejo a todos muita paz e sorte”, dizia a mensagem postada em 18 de fevereiro de 2007.
O outro suposto policial que não tinha dados detalhados em sua página, escreveu, no dia 22 de janeiro: “E aí, rapaziada, como tá?”.
O grupo respondeu dois dias depois: “Tá tudo tranqüilão, parceiro. Continua sendo tudo nosso. Um abraço”.
A então corregedora da PCERJ, Ivanete Araújo, abriu sindicância para apurar o caso e informou que se a perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) confirmasse que os presos tiveram acesso aos computadores de dentro da Polinter, seria considerado falta grave, punida até com a exclusão do policial da instituição.
RELEMBREM OUTRO CASO:
Policiais civis controlavam esquema de corrupção em carceragem